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O projeto nasce em 2018 e traduz o desejo e ímpeto das artistas Julia Linda e Hayge Mercurio de dialogar com o mundo através de suas crenças, utopias, poesias, ideais que chegam para o outro por meio de roupas. Alastrar as idéias a partir de roupas descartadas, tanto no lixo, quanto em bazares beneficentes e brechós; adentrando diversos nichos: os lixos, garimpeiros independentes, brechós de bairro ressignificando as peças por tecnicas variadas.
Foi através dessas diversas tecnicas que a artista Julia Linda desenvolveu a identidade da marca alastra, trazendo uma nova vida e historia autentica para cada peça única recriada e gerada para Alastra: tingimento, serigrafia, transfer, o próprio conserto de um zíper que traz de volta a vida peças descartadas por esse estilo de vida acelerado em que é mais fácil e recomendado comprar algo novo a consertar o que já se tem. E são essas técnicas utilizadas juntas que tornam cada peça tão única e especial. A aplicação delas possibilita a transmissão de tais ideias de forma tão comunicativa e clara. A pesquisa vem também junto com a vontade de vestir a diversidade de corpos e considerar as tantas formas maravilhosas de belezas que temos nesse mundo, acreditando que a beleza que fala mais alto é a autenticidade de cada um com suas memorias e historias que fazem de cada ser unico na sua luta individual e tambem onde se identifica dentro de um grupo; com a consciencia de que juntos somando potencias, fazemos coisas grandiosas, inclusive conhecendo nossas fragilidades e trazendo elas para um lugar de conforto onde possam se transformar em força.
A partir daí floresce a possibilidade de executar a coleção Alastronas; trazendo a tona mulheres irreverentes que inspiram tanto minha vivencia e luta particular como mulher e mãe solo. Meu anseio primitivo se baseia na ideia de propagar rostos de mulheres que me ensinam com sua ousadia e coragem tanto no convivio cotidiano quanto a certa distancia, na historia da humanidade e do país em que nasci. Vivemos em uma sociedade que se baseia majoritariamente em signos de opressão e parâmetros patriarcais, nos quais a mulher como indivíduo segue ainda no seculo 21 buscando conquistar sua liberdade, autonomia e que a meu ver apenas é possivel de conquistar atraves da subversão de padrões vigentes; se infiltrando na anomalia da normalidade e injetando pequenas doses de afrontamento e questionamento dos mesmos. Isso é válido para todos os ramos de atuação: saúde, arte, arquitetura, musica, literatura, politica, ciencia, entre tantas outras que se pode imaginar.

A série se iniciou com homenagens a Lina Bo Bardi, Nise da Silveira, Simone de Beauvoir, Carolina de Jesus, Lygia Clark e seguiu crescendo para todos os lados, como o nome da marca propõe. As alastronas, disseminam, desestabilizam o sistema, semeando novos pensadores e empoderando seus espectadores a cada ato, trazendo a tona o conhecimento primordial que basea o feminino; acolhimento e pertencimento ao todo, conexão e escuta, liderança sem chacina.

   Diretora criativa da marca experimental Alastra, Julia segue numa pesquisa política de apropriação da matéria e ressignificação do corpo como indivíduo pensante e transformador do universo que nos rodeia, através de upcycling e provocação do fashion garbage das logomarcas ostensivas.
  A logo em toda sua potência, faz menção tipológica ao movimento que acontece principalmente nos grandes centros urbanos; a pixação como grito dos oprimidos e silenciados, os excluídos e marginalizados dando a peça e ao corpo que a veste, um lugar de pertencimento no caos da cidade, um grito escrito que fala com todos com os quais cruzam ou perpassam seu caminho. A artista segue em pesquisa incansável para cada dia se instrumentalizar de forma mais consciente com o objetivo de desconstruir o consumismo desenfreado e seguir construindo valores de relação duradoura com os objetos, roupas e ambiente que nos rodeia.

A parceria dessas duas artistas se deu a principio na gana de difundir ideais em comum, atraves do vestuario (area na qual ambas ja atuavam anteriormente) sabendo da grande potencia produtiva e criativa que trazia a artista Julia em sua bagagem somada a grande potencia de disseminação e comunicação que a artista Hayge Mercurio havia construido e emanava em seu trabalho ao longo dos anos. Energias complementares que ao se encontrar prometiam alastrar com grande vigor tais ideias.
Em 2020 essa parceria/sociedade se encerra e a artista Julia Linda se retira do projeto por divergências ideológicas. Para assim seguir seus próprios passos em projeto independente.

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