









Encontro sugere um arrebatamento visual através da poesia. Dois artistas; Bernardo Mendes e Julia Linda em 2021. Uma rede invísivel conecta vozes.
As obras da pintora Julia Linda funcionam como um assopro morno nos ouvidos desavisados às margens de um ontem candente. Ela enfia seu dedo sem cuspe no cu profano mais recôndito da linguagem. Júlia Linda e seu companheiro, o ator e poeta Bernardo Mendes, são para a palavra o que um arpão que atravessa o real é para o agora: um cavalo que galopa o descampado e se instala.
Amparados pelo mistério do poder invisível que mora nas encruzilhadas da linguagem, iniciados no segredo da antessala entre poder e ação, entre sonho e vigília, os artistas reinventam, a partir dos versos luminares de poetas vários, a gênese moribunda da palavra que nos atravessa, na voz dos que se revoltavam contra o esquecimento, contra tornar-se passado, tais como linces que perseguem suas presas mata adentro.
São Paulo, 25 de março de 2022
Guilherme Ziggy